Quinta-feira

11/08/2013 01:37

Divórcio e Leis sobre garantia de empréstimos

O Guet

A Torá não exige que um casal que não se entenda permaneça atado um ao outro até o fim de suas vidas. Mesmo assim, nossos sábios, os mais humildes e pacientes dos homens, toleravam esposas geniosas e irritantes, como nos ilustram os casos a seguir:

A esposa de Rav causava-lhe constantes aborrecimentos. Quando ele lhe pedia que cozinhasse lentilhas, ela cozinhava ervilhas, e vice-versa.

Quando seu filho, Chiya, cresceu e começou a levar mensagens de seu pai para sua mãe, compreendeu que deveria invertê-las, para que seu pai recebesse o prato que realmente queria.
Rav comentou com seu filho: "Sua mãe melhorou."

"Ela melhorou porque sempre lhe digo o contrário do que você pede," elucidou o garoto.
Apesar de admitir que foi uma ótima idéia, Rav proibiu seu filho de continuar a trocar as instruções. "Ninguém deve acostumar-se a mentir," explicou.

Não obstante a esposa de Rabi Chiya causar-lhe muitos aborrecimentos, ele mesmo assim levava-lhe presentes. Quando Rav indagou a seu filho, Rabi Chiya, o porquê, ele retrucou:
"Ficamos satisfeitos por nossas esposas educarem nossos filhos, e nos salvarem de pensamentos pecaminosos."

Podemos perceber o quão importantes e vitais são a paciência e autocontrole para manter a harmonia no lar (shalom bayit).

Contudo, se um divórcio é inevitável, a Torá ordena um judeu a dar o guet, um documento de divórcio, à sua esposa. Assim como um casamento judaico tem status legal somente se forem realizadas as cerimônias de chupá e kidushin, também um divórcio requer um guet, um documento cujo texto exato envolve muitos detalhes. Qualquer discrepância nas exigências haláchicas no tocante às palavras ou ao estilo invalida o guet.

Se um guet está haláchicamente inválido, a esposa "divorciada" continua a manter seu status de mulher casada. Casar-se com outro marido constitui adultério, e uma criança que nasça deste matrimônio é um mamzer (proibido de se casar com um judeu nato). A fim de evitar danos irreparáveis para as futuras gerações, é de vital importância entrar em contato com um rabino ortodoxo perito em administrar um guet de acordo com a halachá, para que o guet seja válido.
Se o rabino não souber todo o procedimento do divórcio, ele deve indicar ao casal uma autoridade haláchica competente, caso contrário, são inválidos, de acordo com a lei da Torá, e causam tragédias irreparáveis.

O guet protege a santidade do casamento (similarmente ao kidushin, a cerimônia de casamento realizada em público e perante testemunhas). Os diversos detalhes haláchicos de como escrever um guet também impedem que o marido queira, num ímpeto, "divorciar-se" de sua esposa quando, digamos, ele estiver de mau humor.

Se um judeu divorcia-se de sua esposa e esta casa-se novamente, a Torá proíbe que seu primeiro marido case-se de novo com ela, mesmo após a morte do segundo marido, ou se ela divorciou-se dele. Esta proibição impede a possibilidade de trocas previamente combinadas de esposas, sob o manto protetor da legalidade.

Leis sobre garantia de empréstimos

Enumeramos algumas leis da Torá sobre garantias de empréstimos:

*Não se pode aceitar como garantia algo que o comodatário necessite para preparar seus alimentos; por exemplo: a mó que ele utiliza para moer a farinha.

*Também não se pode confiscar do comodatário a faca para shechitá, seu forno, ou qualquer outro objeto necessário para o preparo de refeições.

Se você emprestar dinheiro a alguém e esquecer-se ou não se der ao trabalho de pedir uma garantia, você não poderá exigi-la depois. Em vez disso, você dirá ao Bet Din (tribunal) que emprestou dinheiro a alguém e quer uma garantia. O Bet Din enviará mensageiros que exigirão uma garantia. É proibido ao mensageiro do Bet Din até mesmo entrar na casa do comodatário. Ele deve esperar do lado de fora até que o comodatário lhe traga a garantia.

*O que acontece se o comodatário for tão pobre que não possua nada valioso para usar como garantia? Ele pode dizer ao cedente: "Você pode reter minhas roupas como garantia." Se ele der seus pijamas, e não tiver outros, a Torá ordena que o cedente devolva os pijamas toda noite. Em seu lugar, o cedente pode reter as roupas diurnas do comodatário durante a noite. De manhã, o cedente pode pegar os pijamas novamente. Se o comodatário der as roupas que veste de dia ao cedente, este poderá retê-las apenas durante a noite, e é obrigado a devolvê-las todas as manhãs.

*Ninguém pode aproveitar-se de um judeu, e fazê-lo sofrer porque deve dinheiro.

A Torá nos inculca traços de caráter positivos.

Se uma viúva pedir um empréstimo, não se pode pedir-lhe garantia. A Torá compreende que a vida de uma viúva é difícil. Não devemos dificultar-lhe ainda mais, pedindo-lhe garantias.

 

s mitsvot de yibum e sobre pesos e medidas

Yibum

Quando um homem morre sem ter deixado filhos, a Torá ordena que seu irmão case-se com a viúva. Isto se chama um casamento yibum.

Se deste matrimônio nascer um filho, ele é considerado filho do falecido irmão. Sua alma encontra descanso e consolo no Gan Eden por causa do nascimento desta criança. Este filho herda as propriedades do falecido. Porém, se o irmão do falecido recusa-se a se casar com a viúva, eles devem dirigir-se ao Bet Din da cidade. A viúva deve descalçar os sapatos de seu cunhado perante os juízes. Ela cospe no chão, na frente do cunhado, e diz: "Isto é o que acontece com aquele que se nega a construir a família de seu irmão!"

Esta cerimônia se chama chalitsá. Após a chalitsá, a viúva está livre para casar-se com quem desejar. Nos

 

 

 

casos em que o cunhado e a viúva são realmente incompatíveis, o próprio Bet Din os dissuade de casarem-se.

Atualmente, não se realizam mais casamentos através de yibum. O costume é fazer somente a chalitsá.

A proibição de possuir falsos pesos e medidas

A Torá exige que um judeu utilize pesos e medidas perfeitamente exatos e precisos. Não somente é proibido gerir os negócios com pesos incorretos, mas também é proibido tê-los em casa. Aquele que frauda e trapaceia com pesos ou medidas adulterados é odioso e abominável aos olhos de D’us. "Você pode enganar seu próximo, mas não pode enganar a Mim. Assim como Eu sabia quem eram, na verdade, os primogênitos no Egito (inclusive os nascidos fora dos laços matrimoniais), também sei quem é desonesto com os pesos e medidas, e os punirei."

D’us promete que recompensará com abundância material aquele que é meticulosa e cuidadosamente honesto com os pesos e medidas de suas mercadorias.

 

 

 

 

 

 

Relembrando Amalec

A Torá ordena: "Lembre-se do que Amalec fez a você logo após a saída do Egito!" D’us dividiu o Yam Suf (Mar Vermelho) e afogou os egípcios. Todas as nações tremiam, apavoradas. Apenas Amalec ousou atacar. Eles queriam mostrar que D’us é fraco, e destruir Seu povo.

"E naqueles dias você estavam cansados de viajar." Os amalequitas atacaram secretamente, de surpresa, pela retaguarda, os judeus que andavam do lado de fora das Nuvens de Glória.

"Após estabelecer-se em Êrets Yisrael, o rei judeu deve destruir totalmente a nação de Amalec. Não deve poupar uma alma sequer."

Shaul, o primeiro rei de Israel, foi ordenado a guerrear e destruir todos os amalequitas. Ele venceu a guerra e matou todos os soldados Tomou Agag, o rei amalequita como prisioneiro.
Agag implorou a Shaul que este poupasse sua vida. "Tenha misericórdia! Porque devo ser destruído?" suplicou Agag a Shaul.

Shaul sentiu pena de Agag, e deixou-o viver. Shaul também não matou todos os animais dos amalequitas, como a Torá exigia. O erro de Shaul causou trágicos resultados. Para entender melhor, leia a história a seguir.

Uma história

A erva vivificante

Um homem que viajava a Êrets Yisrael viu dois pássaros brigando. Ao final, um matou o outro. Apareceu um terceiro pássaro, com uma erva em seu bico. Este colocou a erva sobre o corpo do pássaro morto e algo espantoso aconteceu: o pássaro morto voltou à vida.

"Isto é incrível!" exclamou o homem. Ele correu, para conseguir a erva.

"Agora poderei ressuscitar os judeus mortos em Êrets Yisrael!" declarou alegremente.
O homem colocou a preciosa erva na sua mochila e continuou seu caminho. Pouco depois, avistou uma raposa morta num campo. "Vejamos se isto funciona mesmo," pensou, e colocou a erva sobre a raposa. Esta abriu os olhos e saiu andando!

O homem ficou maravilhado. Logo passou por um leão morto à beira da floresta. "Se a erva puder trazer um leão de volta à vida," pensou, "saberei que é realmente poderosa." Colocou a erva sobre o leão. Este levantou-se com um estrondoso rugido. Quando o leão avistou o homem, abriu a boca imediatamente e devorou-o.

O rei Shaul pensou que estava sendo bondoso poupando a vida de Agag. Qual foi o resultado?
Agag teve um descendente, Haman, que tentou aniquilar todo o povo judeu de uma só vez!

É uma mitsvá ler os versículos do final desta parashá uma vez por ano. Nós os lemos no Shabat que antecede Purim. Desta maneira, cumprimos o mandamento da Torá de lembrar o que Amalec fez ao povo judeu. A história de Purim nos conta como Haman, o iníquo e perverso descendente de Amalec quis destruir o povo judeu; mas D’us os salvou. Na época de Mashiach Amalec será completamente destruído.