Quinta Bereshit

18/11/2013 18:13




Sétimo dia 

Shabat O desfile dos anjos

No sétimo dia, D’us sentou-Se em Seu Trono e Ordenou a todos os anjos que marchassem a sua frente, num grande desfile.

Primeiro, o anjo a quem Ele tinha nomeado para se encarregar dos oceanos passou marchando feliz, seguido do anjo encarregado dos rios.

Depois, marchou o anjo nomeado para cuidar das montanhas; o anjo das águas profundas; o anjo da relva; o anjo do Guehinom (inferno); o anjo do Gan Eden (paraíso); o anjo dos insetos e répteis; o anjo dos animais selvagens; o anjo dos gafanhotos e, finalmente, o anjo encarregado de todos os outros anjos.

Todos os anjos dançaram em santidade e alegria. Encheram os céus com felicidade! Louvaram D’us e gritavam: "A glória de D’us durará para sempre!" Também cantavam: "Que D’us se regozije com a maravilhosa Criação que Ele fez!"

Então D’us acenou para o anjo encarregado do Shabat e sentou-o no trono de honra. Todos os anjos dançaram ao seu redor e cantaram, "Hoje é Shabat Côdesh, o santo Shabat para D’us!"

Depois que D’us criou Adão, Ele o ergueu e deixou-o ver como era grande a felicidade do Shabat no Céu. O dia do Shabat era como um grande siyum, uma festa de celebração, porque D’us havia terminado Sua obra. Quando Adão viu os anjos cantando e dançando, compreendeu como é santo o dia de Shabat e a felicidade que ele poderia trazer para as pessoas na Terra.

O Midrash explica:

Shabat recebe um sócio eterno

Depois que D’us fez o Shabat, o Shabat exclamou: "Estou tão triste e solitário. Sou o único dia que não tem sócio. Domingo vai junto com a Segunda; Terça é vizinha da Quarta; Quinta tem Sexta. Mas eu não tenho ninguém que esteja junto comigo, porque sou o último dia da semana!"

D’us respondeu: "Não se preocupe, Shabat. Um povo inteiro será seu amigo. O povo Compromissado com a Torá terá o privilégio de mantê–lo santificado. Por isso você, Shabat e o povo compromissado com a Torá irão sempre pertencer um ao outro!" 

O Midrash explica:

Todas as criações louvam D’us

Você sabia que todas as criações cantam louvores a D’us? Elas Lhe agradecem por tê-las feito tão perfeitas e porque Ele designou tarefas no mundo a cada uma. As árvores louvam a D’us com os graciosos movimentos do balanço de seus galhos. A água canta para Ele com o barulho das ondas e o poderoso rugir da rebentação. Os animais O louvam com seus variados chamados e sons. O Sol e a Lua O louvam com seu brilho sobre o mundo. Isto é o que diz o Passuk no Tehilim (capítulo 148): "Louvem D’us, da terra; as cobras grandes e todas as criaturas que vivem nas profundezas; fogo e granizo; neve e neblina; o vendaval que cumpre as ordens de D’us; montanhas e todos os morros; árvores frutíferas e todos os cedros; bestas selvagens e todo o gado; animais rastejantes e pássaros alados."

Mas quem deveria louvar D’us mais do que todos? 

Certamente nós, que devemos lembrar que tudo no mundo foi criado para a humanidade e que fomos criados para servir a D’us.

 

   

 

 Como D’us criou Adão e Eva no sexto dia

D’us criou cada ser em apenas alguns segundos. Adão foi uma exceção. D’us se ocupou com sua Criação por muitas horas. (Ele fez isso para nos mostrar como Adão era importante).

Durante a primeira hora D’us juntou pó de toda a Terra.

Durante a segunda hora D’us misturou o pó com a água e amassou–o até formar uma substância parecida com massa.

Durante a terceira hora D’us formou o corpo de Adão, seus braços e pernas.

Durante a quarta hora D’us soprou a Neshamá (alma) no corpo de Adão. O corpo de Adão era de terra, mas sua alma era um sopro Divino. É por isso que cada pessoa é capaz de se tornar um grande Tsadic, porque nossas almas são fonte de santidade, do Próprio D’us.

Durante a quinta hora, Adão se levantou. 

Durante a sexta hora, D’us trouxe todos os animais perante Adão. Com a sabedoria que D’us lhe deu, Adão pôde dar a cada animal o nome apropriado pelo qual deveria ser chamado.

Durante a sétima hora, D’us falou: "Não é bom que Adão fique só. Vou lhe dar uma esposa para ajudá-lo!" D’us provocou em Adão um sono profundo. De um dos ossos que retirou do corpo de Adão, criou a mulher, Eva. D’us fez Eva de uma parte de Adão para que este gostasse de sua esposa tanto quanto dele mesmo.

Durante a sexta hora, D’us deu a Adão uma ordem.

Adão e Eva no Gan Eden (Paraíso)

D’us colocou Adão e Eva no Gan Eden, o jardim mais encantador da Terra. Todas as árvores preenchiam o ar com frutas doces e perfumadas de todas as espécies. Adão e Eva só tinham que estender a mão para pegar uma das deliciosas frutas ou beber água do rio cintilante e límpido que corria através do Gan Eden.

D’us ordenou a Adão para cumprir certas mitsvot. Sempre que ele cumpria estas Mitsvot, as plantas do Gan Eden cresciam. D’us mandou um anjo para o Gan Eden. O anjo escreveu um livro para Adão que continha muitos segredos de D’us. Adão estudou este livro.

Ambos, Adão e Eva eram pessoas santas e puras, onde o mal e a má inclinação não existiam. Eles estavam sempre pensando e fazendo o bem.

D’us põe Adão e Eva à prova

D’us ordenou a Adão: 

"Vocês podem comer as frutas de todas as árvores do Gan Eden, exceto de uma: Não comam da árvore do centro do jardim! No dia em que vocês comerem o seu fruto, vocês merecerão a morte. Se vocês não o comerem viverão para sempre."

D’us deu à serpente o entendimento e o poder de falar. Naquele tempo, a serpente tinha pernas e andava ereta. Ela se chegou a Eva e perguntou-lhe astutamente:

"D’us realmente lhes disse para não comerem nenhuma fruta do Gan Eden?"

"Não, Ele não o fez," respondeu Eva. "D’us nos deixa comer as frutas de todas as árvores, exceto daquela no centro do jardim. D’us nos proibiu de comer daquela árvore para nosso próprio bem. Se comermos dela ou a tocarmos, mereceremos a morte."

"Sua boba!" retrucou a serpente. "Esta não é a verdadeira razão. A verdadeira razão é que D’us sabe que tão logo vocês comam do seu fruto, vocês ficarão muito inteligentes, iguais aos anjos. Vocês então conhecerão todos os segredos de D’us!"

Ao contrário das palavras da serpente, D’us preveniu Adão e Eva para não comerem daquela árvore para protegê-los contra o mal. Mas a astuta serpente distorceu tudo, e foi convincente. Eva acreditou em suas palavras.

Olhou para a árvore. Seus frutos pareciam lindos e eram muito perfumados. Como podia ser que comer desta árvore causasse a morte? Talvez a serpente estivesse certa – comendo dos frutos, ela e Adão se tornariam tão sábios quanto os anjos.

A serpente reparou que Eva estava em dúvida como agir. Rapidamente, ela a empurrou para a árvore.

"Veja, você a tocou!" exclamou a serpente. "Aconteceu alguma coisa a você? Assim como você não morreu tocando nela, você não morrerá comendo dela. Ao contrário, você se tornará igual ao próprio D’us." Se você esperar e não comer isso agora, D’us criará outro que mandará em vocês. Olhe, qualquer coisa que for criada depois, mandará no que foi criado antes. 

Eva convence Adão também a comer o fruto da árvore proibida e ambos são castigados.

O castigo Divino

Quando eles ouviram a voz de D’us, ficaram muito assustados. D’us perguntou a Adão:
"Adão, você comeu da árvore proibida?"

Ao invés de responder, "Agi errado, e me arrependo sinceramente" Adão respondeu: "Isto foi culpa da mulher que me destes, D’us. Ela me deu dessa fruta. Ela me fez pecar!"

D’us se virou para Eva e disse:

"Como você pôde fazer uma coisa tão terrível? Você trouxe a morte sobre você e Adão!"

"Foi culpa da serpente," chorou Eva. "Ela me contou mentiras e discutiu comigo!"

"Não culpe aos outros ao invés de admitir a própria culpa," disse D’us. "Vocês são culpados e serão castigados. Quanto a você, serpente perversa, cortarei suas pernas para que tenha de rastejar sobre seu corpo. Você comerá pó por toda a vida e carregará veneno em sua boca. Todos os humanos serão seus inimigos. Se eles pecarem, você os morderá. Mas se eles seguirem os Meus mandamentos, eles conseguirão pisar sobre sua cabeça e matá-la."

D’us amaldiçoou a serpente, fazendo os homens serem seus inimigos. Os homens pisarão em sua cabeça para esmagá-la. 

D’us castiga Adão e Eva

D’us disse a Eva:

"Se você não tivesse pecado, você e Adão viveriam para sempre. Agora, vocês devem morrer! Além disso, Eva, você sofrerá dores quando der à luz a filhos e será difícil criá-los."

Disse D’us para Adão:

"Por não ter guardado Meu mandamento nem por uma hora, irei castigá-lo. Se não fosse pelo seu pecado, você poderia viver no Gan Eden para sempre. Agora terá de sair. No Gan Eden toda sua comida vinha pronta, agora você terá de semear, plantar, ceifar, colher e preparar seu alimento. Se você for mantido muito ocupado, terá menos tempo para pecar!"

Adão e Eva deixam o Paraíso

D’us conduziu Adão e Eva para fora do Gan Eden. Primeiro, D’us pôs Adão num lugar escuro da Terra chamado Êrets. Não havia luz alguma naquele lugar e Adão estava profundamente assustado. Tudo o que conseguia enxergar era a lâmina de uma espada girando a sua volta, sem parar. Adão fez Teshuvá. Estava arrependido por ter escutado a Eva.

Para se purificar, Adão imergiu nas águas do rio Guishom. D’us teve pena dele o e colocou num lugar melhor, chamado Adamá. Mais tarde, quando o filho de Adão, Shais nasceu, D’us colocou-o em Tevel, o melhor lugar do mundo.

A briga de Caim e Abel

Adão tinha dois filhos, Caim e Abel. Os dois eram diferentes. O filho mais velho, Caim, era orgulhoso e egoísta. Abel, porém, era humilde. Adão disse a seus filhos: "É conveniente que vocês ofereçam um sacrifício a D’us no altar (Mizbêach) que eu construí."

Caim era agricultor e colhia lindas frutas em toda as estações. Mas decidiu guardar as melhores para si. Caim comeu até que ficou satisfeito e então ofereceu para D’us as sobras. Ele nem mesmo ofereceu para D’us as frutas das árvores, mas apenas frutos da terra. O irmão mais novo, Abel, era pastor. Ele matava suas melhore e mais gordas ovelhas e colocava-as no altar.

D’us viu que Abel O honrava com o melhor que tinha, enquanto o orgulhoso Caim trazia um sacrifício miserável. E porque Ele estava satisfeito com o sacrifício de Abel, D’us mandou um fogo do Céu que devorou o sacrifício de Abel e não o de Caim.

Caim ficou com ciúmes e com vergonha, porque D’us aceitou o sacrifício do irmão mais novo e não o seu. D’us viu o embaraço de Caim e falou-lhe, encorajando-o.

"Você pode melhorar se quiser," disse Ele. "Você não trouxe um sacrifício digno, mas pode aprimorar-se no futuro e tornar-se maior do que seu irmão Abel."

Mas, ao invés de fazer Teshuvá, Caim não quis escutar.

Quando Caim e Abel estavam juntos no campo, Caim começou a discutir com o irmão.

"Não é justo," queixou-se ele. "D’us aceitou seu sacrifício e não aceitou o meu."

"D’us é sempre justo," respondeu Abel. "Ele aceitou a minha oferenda porque Ele gostou do modo como o ofereci. Ele recompensa os tsadikim e castiga os resha'im."

"Você está errado," respondeu Caim.

Enquanto continuavam discutindo, Caim ficou irado, ergueu uma pedra e acertou na cabeçade Abel, matando-o.

Como Abel era um tsadic, sua alma voou direto para o Gan Eden e D’us lhe deu as maiores recompensas.


Caim queimou o corpo de Abel; depois, pegou todas as ovelhas do irmão e trouxe-as para sua própria tenda. 

D’us perguntou a Caim:

"Onde está teu irmão Abel?"

"Eu guardo os campos", respondeu Caim, "devo guardar também meu irmão para saber onde ele está?"

Caim pensava que D’us sabia apenas o que se passava lá no alto e que não estava a par de tudo o que se passava na Terra. D’us falou:

"Eis que o sangue de seu irmão clama por Mim." 

"Como podes saber?", falou Caim.

"Tolo, Eu sei tudo," respondeu D’us, "e vou castigá-lo. De agora em diante, quando você cultivar a terra, ela só produzirá uma pequena quantidade de grãos. Além disso, não poderá viver em paz em um lugar fixo; irá perambular de um país a outro."

Quando Caim ouviu as palavras de D’us, admitiu:

"Realmente, pequei muito. Tenho medo que enquanto perambular pela terra sem abrigo os animais me matarão."

"Vou protegê-lo," assegurou D’us, pondo em sua testa Meu Nome. Quando os animais a virem, ficarão com medo e não o atacarão."

Os descendentes de Caim foram maus; não sobrou nenhum, todos morreram mais tarde no Mabul (Dilúvio).

Adão teve um terceiro filho, Shais, e dele descendeu o justo Noé.

 

 
O Poder das Palavras
Está escrito: "Para sempre, ó D'us, Tuas palavras ficam nos céus."

Rabi Israel Báal Shem Tov, de abençoada memória, explica este versículo assim:
"Teu mundo" que Tu pronunciaste "Que haja um firmamento" estas mesmas palavras e letras ficarão para sempre no firmamento dos céus e estão para sempre revestidas nos céus para dar-lhes vida e existência.

Como também está escrito: "A palavra de nosso D'us ficará firme para sempre" e "Suas palavras vivem e ficam firmes para sempre." Pois se estas letras tivessem de partir mesmo por um instante e voltassem à sua origem, todos os céus se tornariam nada, e seria como se não tivessem de todo existido, exatamente como antes do pronunciamento "Que haja um firmamento."
E assim é com todas as coisas criadas, até a mais corpórea e inanimada das substâncias. Se as letras dos "dez pronunciamentos" pelos quais o mundo foi criado durante os seis dias da Criação se separassem dele, mesmo que por um só instante, eles se reverteriam para a mais absoluta nulidade.

O mesmo pensamento foi expresso pelo Ary, de abençoada memória, quando disse que mesmo em matéria completamente inanimada, como terra, pedras e água, há uma alma e uma força vital espiritual - ou seja, as letras das "palavras Divinas" revestidas por elas, que continuamente lhe garantem vida e existência.
 
Recomeços
 

A cada dia, muitos bilhões de homens-hora vão abaixo pelo ralo. Se há 6.000.000.000 de seres humanos no mundo, e cada um dorme em média 7,2 horas por noite - bem, faça os cálculos. Para resumir, o tempo que passamos de olhos fechados é provavelmente nosso recurso humano mais desperdiçado.

Por que passamos 25% a 30% da vida dormindo? Talvez esta questão não tenha resposta. Por que dormir? Porque o corpo assim exige. Pois assim fomos construídos fisiologicamente - e precisamos de determinadas horas de descanso a cada dia para funcionar.

Porém, para o compromissado com a Torah não há perguntas sem resposta. Se D'us nos criou de um certo modo, existe um motivo. Se as horas de atividade devem sempre ser precedidas por aquilo que o Talmud chama "a pequena morte", o sono, há uma lição aqui, uma verdade fundamental para a natureza das realizações humanas.

O Rebe explica: Se não dormíssemos, não haveria "amanhã". A vida seria um único e interminável "hoje". Todos os pensamentos e ações seriam uma continuação de pensamentos e ações prévios. Não haveria recomeços em nossa vida, pois o próprio conceito de "um novo começo" nos seria incompreensível.

Dormir significa que temos a capacidade não apenas de melhorar, como também de transcender a nós mesmos. Abrir um novo capítulo na vida que não seja pré-fixado, nem uma conseqüência do que fomos ou fizemos até agora. Libertar-nos das amarras do ontem e construir um novo e recém-criado "eu".

Rabi Yisrael Báal Shem Tov ensinou que D'us cria o mundo novamente a cada novo milissegundo do tempo. Se somos Seus "parceiros na Criação" (como o Talmud afirma que somos), deveríamos ser capazes de fazer o mesmo - pelo menos uma vez ao dia.

Amanhã quando você acordar, recomece e faça deste ano um tempo novo - como jamais existiu.

 

O Poder do Eu
 

Todo ser humano na face da terra é descendente de um homem. A Bíblia assim o diz, e até existe alguma evidência genética para apoiar esta afirmação. Porém o que mais preocupava os Sábios do Talmud sobre este fenômeno era: o que isso significa? Qual sua relevância prática para o modo como levamos nossa vida?

O Talmud oferece diversos pontos de vista. O primeiro, e mais óbvio, é a lição que todo e qualquer indivíduo tem igual valor: "todo homem foi criado igual" não é apenas uma convicção, mas um fato. Como declara o Talmud: "Nenhum homem pode dizer a seu próximo: 'Meu ancestral era mais importante que o seu.'"

O segundo fala do valor da vida. "Aquele que destrói uma única vida, é como se destruísse o mundo inteiro; e aquele que preserva uma única vida, é como se preservasse o mundo inteiro."

Em terceiro lugar, vem uma reflexão sobre a singularidade do Criador. Em quarto, há uma demonstração da infinita diversidade latente naquela singularidade (todo ser humano é descendente de uma pessoa, porém não existem duas pessoas exatamente iguais!).

Finalmente, há uma profunda lição no poder do indivíduo. Nas palavras do Talmud, "Todo homem é obrigado a dizer: Por minha causa o mundo foi criado." Como declara a Torá, D'us passou seis dias fazendo um universo, criando o físico e o espiritual, tempo e espaço, matéria e energia, água e terra, estrelas e árvores e animais - e então criou um único ser humano (subseqüentemente dividido em metades, masculina e feminina) e disse a ele/ela: "Tudo isso é para te servir."

Aquele homem - chamado Adam, "homem" - é todo homem. Um plano finito tem apenas um centro; em um plano infinito, cada ponto é seu centro. Neste mundo de infinito potencial que D'us criou, todo e cada um de nós é o próprio centro: o foco de Sua criação, a força que o leva à realização.

Todos nós acabamos de testemunhar, com tremenda clareza, o poder do indivíduo. Como uma única pessoa, armada somente com pouco mais que profunda determinação, pode destruir as vidas de milhares de outros, e provocar o caos nas vidas de milhões. Mas a Torá nos assegura que o poder de fazer o bem é infinitamente maior.

Todo homem é obrigado a dizer: "Por minha causa o mundo foi criado."

 

Pensando na Madeira

"Certo dia, após as preces de Rosh Hashaná, Rabi Schneur Zalman de Liadi perguntou ao filho, Rabi Dovber:

"Sobre o que pensa durante suas preces?"

Rabi Dovber replicou que havia contemplado o significado da passagem: "e cada estatura se curvará perante Ti" - como os mundos mais elevados e supernaturais e criações espirituais negam a si mesmos perante a infinita majestade de D'us.

"E o senhor, pai," perguntou então Rabi Dovber, "com qual pensamento rezou?"

Replicou Rabi Schneur Zalman: "Contemplei a mesa à qual estava."

Respiração boca-a-boca chassídica

 

"E Ele soprou um espírito de vida em suas narinas."

Em 5532, Rabi Schneur Zalman de Liadi fundou o Chassidismo Chabad. Chabad é uma visão toda abrangente do mundo e um modo de vida no qual o intelecto desempenha um papel chave no serviço do homem a seu Criador. A mente é treinada para exercer sua soberania inata sobre o pequeno mundo que é o homem: usando seu intelecto para compreender e relacionar-se com a realidade de D'us, uma pessoa desenvolve sentimentos de amor e reverência, refina o caráter, e aperfeiçoa seu comportamento.

O bar-mitsvá do filho mais velho de Rabi Schneur Zalman, Rabi Dovber, foi numa quinta-feira, 9 de Kislêv de 5547 (30 de novembro de 1786). Muitos convidados foram a Liozna para a ocasião, e a festiva reunião chassídica (farbrenguen) durou por uma semana.

Um grupo de chassidim no farbrenguen estava discutindo a era de Mashiach, e a prometida 
ressurreição dos mortos, quando um deles observou:

"Nosso Rebe revive os mortos. O que é um cadáver? Algo frio e sem sentimentos. Vida é movimento, calor, entusiasmo. Existe algo mais gelado que o auto-interesse, mais frio e insensível que a mente? E quando a mente de sangue-frio entende e apreende, e se entusiasma por uma idéia Divina, isto não é a ressurreição dos mortos?"

 

Tem álguem em casa

Versículo 3: 9

"D'us chamou o homem e disse-lhe: 'Onde está você...?' "

Em 5559, Rabi Schneur Zalman de Liadi foi encarcerado, sob a alegação de que seus ensinamentos minavam a autoridade imperial do czar. Por 52 dias, ficou detido na Fortaleza de Pedro e Paulo em Petersburgo.

Entre os interrogadores do Rebe estava um ministro do governo que possuía grande conhecimento da Bíblia e dos estudos judaicos. Em uma ocasião, pediu ao Rebe que explicasse o versículo: 
"D'us chamou o homem e lhe disse: 'Onde está você?' " Por acaso D'us não sabia onde Adam estava?

Rabi Schneur Zalman apresentou à classe a conhecida explicação oferecida pelos comentaristas: a pergunta: "onde está você?" era apenas um meio de iniciar a conversa por parte de D'us, que não queria deixar Adam nervoso, confrontando-o de imediato com seu erro.

"Aquilo que Rashi diz, eu já conheço," disse o ministro. "Desejo ouvir agora como o Rebe interpreta este versículo."

"Acredita que a Torá é eterna?" perguntou o Rebe. "Que cada palavra sua aplica-se a cada indivíduo, sob todas as circunstâncias, em todas as épocas?"

"Sim," replicou o ministro.

Rabi Schneur Zalman ficou extremamente gratificado ao ouvir a resposta. O ministro do czar havia afirmado um princípio que está na base dos ensinamentos do Rabi Israel Báal Shem Tov - os mesmos ensinamentos e ideologia pelos quais ele estava enfrentando julgamento!

"Onde está você?" explicou o Rebe - "é o perpétuo chamado de D'us a todo homem. Onde está você neste mundo? O que tem feito? Você recebeu um determinado número de dias, horas e minutos nos quais deve cumprir sua missão na vida. Já viveu por tantos anos e tantos dias," - Rabi Schneur Zalman disse a idade exata do ministro - "e onde está você? O que fez?

 

Versículo 1:3

"Que haja luz"

Que é um chassid?

Quando Rabi Sholom Dovber de Lubavitch passava algum tempo numa clínica de repouso em Wirtzburg, Alemanha, em 5667, um grupo de chassidim foi passar um Shabat com seu Rebe. Entre eles estava Reb Yossef Yuzik Horowitz, seu genro Rebe Feivel Zalmanov e Rebe Elimelech Stoptzer.

O Rebe rezou por muitas horas naquela manhã de Shabat, como era seu hábito. Enquanto isso, os chassidim fizeram kidush e realizaram um número respeitável de l'chaim. Mais tarde, quando o Rebe havia terminado e eles se sentaram para fazer-lhe companhia na refeição de Shabat, Reb Yossef Yuzik perguntou:

"Rebe, o que é um chassid?"

Replicou o Rebe: "Um chassid é um acendedor de lampiões. O acendedor de lampiões anda pelas ruas carregando uma tocha no fim de um bastão. Ele sabe que a chama não lhe pertence. E vai de poste em poste para acendê-los."

Perguntou Reb Yossef Yuzik: "E se o lampião está no deserto?"
"Então a pessoa deve ir e acendê-lo," disse o Rebe. "E quando alguém acende uma lamparina no deserto, a desolação do deserto torna-se visível. O deserto estéril ficará então envergonhado perante a lâmpada ardente."

Continuou o chassid: "E se a lamparina estiver no mar?"

"Então a pessoa deve se despir, mergulhar no oceano, e ir acender a lamparina."

"E isto é um chassid?" perguntou Yossef Yuzik.

O Rebe pensou por um longo tempo. Disse então: "Sim, isto é um chassid."

"Mas Rebe, não vejo as lamparinas!"

Respondeu o Rebe: "Porque você não é um acendedor de lampiões."

"Como posso me tornar um acendedor de lampiões?"

"Primeiro, deve rejeitar o mal que existe dentro de você. Comece consigo mesmo. Purifique-se, refine-se e verá a lamparina dentro de seu próximo. Quando a pessoa é impura, D'us não o permita, vê impureza; quando a própria pessoa é refinada, enxerga a perfeição nos outros."

Reb Yossef Yuzik perguntou então: "Deve-se agarrar o outro pela garganta?"

Replicou o Rebe: "Pela garganta, não; mas pelo colarinho, sim."